Longe de ser uma data comemorativa, o 5 de setembro nos leva a refletir sobre o atual momento que vive a floresta amazônica, nossos demais biomas e como o aumento de ações nocivas contra a natureza estão prejudicando o futuro da sociedade e do clima.
O dia 5 de setembro é conhecido oficialmente por ser o Dia da Amazônia, esse bioma tão importante para nosso país e para o mundo ganhou oficialmente em 2007 uma data em homenagem à sua grandeza e ao dia em que foi reconhecida como parte de um gigante chamado Brasil.
A data remete à criação da província do Amazonas (em 1850), hoje, conhecido apenas como Estado do Amazonas, e foi instituída no dia 19 de dezembro de 2007, após aprovação do projeto de Lei nº 11.621. Mas olhando para trás e observando como foi o desenvolvimento dessa relação entre a civilização e a mata ainda virgem da Amazônia, temos algo para comemorar, ou só se preocupar?
O desmatamento é a principal ameaça à Floresta Amazônica, um dos biomas mais ricos e diversificados do planeta. Cerca de 20% da floresta já foi destruída, principalmente para fins agrícolas e por mineradoras. Além disso, o desmatamento contribui para o aumento das queimadas na região, que são cada vez mais frequentes e intensas devido às altas temperaturas e à baixa umidade do ar.
Um ponto sem retorno
Em 2018, o cientista americano, Robert Toovey Walker, escreveu um artigo para a revista científica Environment, em que ele alerta para um “ponto de inflexão” dramático que o bioma amazônico pode sofrer. Esse termo deriva da teoria dos sistemas, que aborda mudanças bruscas de um sistema por conta de alterações que vão além do controle ou do limite pré-estabelecido para esse sistema.
Ou seja, no caso de um ecossistema como a Amazônia, de grande escala, esse ponto que já estaríamos vivendo nos levaria para uma reconfiguração radical dos componentes desse bioma, podendo transformar a enorme floresta em uma savana.
Um dos agentes de descontrole para chegar ao cenário inflexível, são os incêndios florestais. Eles têm um impacto negativo e significativo sobre o meio ambiente, pois destroem habitats e causam a morte de plantas e animais. Além disso, as queimadas liberam grandes quantidades de CO2 na atmosfera, o que contribui para o aumento da temperatura global.
Segundo dados levantados pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), o desmatamento teve um percentual maior de 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação com o mesmo período entre 2015 e 2018. Esse número é um recorde em comparação com outros anos e mostra o efeito maléfico que a exploração desenfreada do território amazônico vem causando aos controles climáticos.
Mais da metade desse desmatamento ocorreu em áreas de domínio federal, territórios considerados Florestas Públicas Não Destinadas, que no último ano concentraram a maior parte das derrubadas, passando de 1.743 km² para mais de 3.228 Km² nesse triênio. Outro número preocupante está relacionado ao de terras indígenas (TIs) que tiveram alta de 153% de acordo com os estudos, as áreas desmatadas pularam de 496 km² para 1.255 km² em três anos.
Desenvolvimento sustentável e ação de todos na preservação da Amazônia
O Path sempre procurou difundir conteúdos que trouxessem soluções para transformar positivamente a sociedade e as diversas pautas urgentes que nos cercam. A Amazônia é uma delas e, no ano passado, foi tema central de nossas palestras, conversas e podcasts.
A maior parte do conteúdo da última edição teve, além da Amazônia, base nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que são metas criadas pelas Nações Unidas e países membros para uma ação global no combate à pobreza, na proteção do meio ambiente e do clima, garantindo paz e prosperidade para pessoas em todo o mundo sem exceções.
Entre as falas do Path Amazônia tivemos lideranças em todas as áreas do conhecimento, além de especialistas em pautas sobre sustentabilidade e que trouxeram soluções para a regeneração de biomas como o amazônico. Pessoas como o escritor, ambientalista e conferencista indígena brasileiro do povo tapuia, Kaká Werá, que demonstrou através de suas palavras a necessidade de olhar para a terra como matéria finita.
“A falta de recursos de qualidade para nossa subsistência e a poluição da terra e das águas, são uma relação destoante com a nossa casa, isso se deve, em parte, pelo fato de até pouco tempo atrás o ser-humano não ter ideia de que a natureza não é infinita, a natureza é finita e precisa ser cuidada.”, diz Werá, em sua palestra para o Path, que pode ser assistida gratuitamente em nossa plataforma digital.
O tema da urgência climática é muito comentado em outra palestra que deixamos aqui como sugestão para você acompanhar e compreender melhor esse tema. Nela, quatro convidados mostram como esse tema coloca em risco a nossa própria existência e promete ser o maior desafio da humanidade. Para eles, é injusto que toda a responsabilidade caia sobre as crianças sem que nós, adultos, façamos algo.
Na mesa, Andreia Coutinho, que é jornalista e especialista em justiça climática, Paulo Moutinho, Cientista-sênior do Instituto de Pesquisa Socioambiental da Amazônia (Ipam), Diosmar Filho, Mestre, geógrafo e professor, além de Isabela Prata, mentora e consultora. Assista gratuitamente em ondemand.festivalpath.com.br.
Importância da Amazônia diante do aquecimento global
A Amazônia é o maior bioma do planeta, além de ser responsável por quase 20% da biodiversidade do mundo. Sua importância para o clima global também é gigantesca: a floresta absorve grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2). E conforme as queimadas continuam ocorrendo, mais impactos negativos são gerados em relação ao futuro do clima.
A Amazônia é conhecida por seus inúmeros recursos naturais, mas recentemente ela tem chamado a atenção do mundo para outra de suas grandes riquezas: o seu papel no combate ao aquecimento global.
Como já foi dito, a floresta amazônica é muito importante no armazenamento do carbono que seria liberado para a atmosfera, portanto, é um importante ativo na luta contra as mudanças climáticas. Além de absorver dióxido de carbono da atmosfera, a Amazônia também regula o clima da região, mantendo a umidade e influenciando o regime de chuvas.
Infelizmente, esses benefícios estão ameaçados pelo desmatamento e pelo desflorestamento que vem acontecendo na região há décadas.
Três dos ODS criados pela ONU tocam seriamente nesse tema climático:
ODS 13 (Ação Contra Mudança Global do Clima)
ODS 14 (Vida na Água)
ODS 15 (Vida Terrestre)
São pautas que estão ligadas aos temas centrais que envolvem a natureza como um todo e sua relação com o homem. Em uma das palestras do Path, o jornalista e documentarista cinematográfico, Dener Giovanini, aborda os principais desafios para o mundo alcançar os ODS, mas coloca o objetivo número 15 como um dos mais difíceis diante de um planeta em desequilíbrio.
“É, talvez, um dos objetivos mais difíceis de ser alcançados, porque toda vida terrestre está no planeta, toda a biodiversidade está sob algum tipo de ameaça, estas ameaças variam geograficamente, pois cada região do planeta pode sofrer ameaças particulares, mas de um modo geral nós temos uma ameaça global que são as mudanças climáticas.”, conta Giovanini. Clique abaixo e assista a palestra completa.
Soluções para convivências sustentáveis com a Amazônia
Além dos ODS, a preservação de biomas como o amazônico está sempre em pauta em congressos relacionados ao tema e em debates que envolvem lideranças de empresas do terceiro setor ou ativistas que estão sempre buscando soluções para uma convivência saudável entre a sociedade e a natureza.
A tecnologia pode estar muito atrelada aos processos de exploração do solo amazônico, mas também é possível percebê-la como uma aliada se for utilizada da maneira certa. Em que os recursos naturais da floresta são destinados para inovação, bio-negócios locais e etc, abrindo caminhos para uma economia sustentável na Amazônia.
Alguns destes processos transformadores podem ser vistos em outro conteúdo exclusivo do Path, na conversa transformadora com três convidados, Joice Ferreira, Ismael Nobre e Patrícia Cota, que conversam sobre soluções para uma Amazônia 4.0. Acesse no player abaixo.
Comments