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Quem tem medo da inteligência artificial?


Por Marília Passos


O medo de um futuro dominado por máquinas inteligentes é real, nascido do questionamento de que, se os computadores poderem pensar e aprender a tomar decisões, nada os impede de fazer escolhas ruins para a humanidade. Esse receio é base de livros e filme de ficção como o Eu, Robô, O Exterminador do Futuro, Matrix, que pintam futuros distópicos terríveis e longe do cenário atual. A automação é uma realidade que está transformando o mercado e a vida das pessoas, mas como todo tecnologia desde a colher de pau, serve aos desejos e necessidades do homem.


Fábio Gandour no Festival Path 2017 (Foto: Meduzza)

Fábio Gandour, Cientista-Chefe da IBM no Brasil, empresa por trás de criações como Watson, o supercomputador com capacidade de compreender e responder perguntas, além de pensar, que venceu o Jeopardy, famoso programa de perguntas e respostas estadunidense, em 2011, participou do Festival Path 2017 com a palestra “As máquinas estão ficando inteligentes, e aí?”, e, quando questionado sobre uma possível dominação das máquinas, cravou que “não, os robôs não vão dominar o mundo.” Por trás de qualquer dominação sempre terá um humano. “Gente é um bicho perigoso e não máquina.”


Formado em Medicina antes de seguir carreira em tecnologia, Fábio está há 20 anos na IBM, o cientista destaca entre atuais aplicações positivas da inteligência artificial o apoio da computação cognitiva à saúde, no diagnóstico e tratamento de doenças. “Um produto que a IBM disponibiliza no mercado, na área de computação cognitiva, é o Watson Oncology para auxiliar os profissionais de saúde a decidir como tratar um determinado tipo de câncer. Acho que essa é a indicação mais charmosa do momento. Mas outras virão em breve.”


O Watson Oncology já está sendo utilizado no Brasil no Hospital do Câncer Mãe de Deus, em Porto Alegre (RS). Com acesso a históricos médico e a pesquisas mais recentes, o sistema apresenta melhores informações para ajudar o médico a determinar um tratamento.


E a IBM não corre sozinha por esse caminho. Em 2014, o Google comprou a DeepMind, que agora faz parte do Alphabet e atua junto com o Sistema Público de Saúde no Reino Unido para melhorar o atendimento dos pacientes.


Automação, (des)emprego e possibilidades


A crescente presença das máquinas no ambiente de trabalho traz à tona o receio de que os robôs roubarão os trabalhos humanos.


Gandour não vê um cenário em que as máquinas inteligentes se tornam autônomas acontecendo imediatamente e destaca que “o conceito de autonomia muda de pessoa para pessoa, a exigência é diferente. O que é autônomo para mim pode não ser autônomo para você.”


E mesmo que nos próximos anos muitas funções hoje humanas sejam substituídas por robôs — 47% dos empregos nos EUA estão em risco, esse mercado exigirá novas habilidades da humanidade, criando novos empregos. E, pensando na possibilidade eventual de uma completa substituição da mão de obra humana, muitos defendem a renda universal básica como solução para o agravamento de desigualdade social causado pelo desemprego. O modelo está sendo testado na Finlândia.


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